1.5.09

sentindo segundos e terceiros

por uns trinta segundos fecho meus olhos e depois abro.
respiro, sinto, observo meu redor, sinto-me vivo, presente.
toco em meu rosto, sinto os dedos, sinto a pele, sinto meu rosto.
escuto minha respiração, sinto minhas veias, meu pulmão

tudo está acontecendo a todo momento
e ninguem está falando nada para mim,
todos estão falando sozinhos, sempre para si mesmos,
e querem que eu os ouça.
eu sei que não sou como eles e não preciso fingir,
o que me faz bem não é o mesmo que faz outros bem
eu não sei sobre tudo e talvez nem exista "tudo"
(palavras são somente referenciais de coisas e fatos,
de coisas que são e de coisas que não são,
de coisas minhas e coisas suas)

pessoas e professores costumam dizer o que é certo,
o que deve ser feito e o que faz bem,
mas eles mesmos não o fazem ou nem sabem o que seja realmente.
gostam de tentar manter o controle e para isso usam tantas muletas..

"poetas dizem tantas palavras e muitas vezes não dizem nada,
eu estou aqui e não tenho nada a dizer, e isto é poesia" (john cage)
"convicções são mais inimigas da verdade que mentiras" (nietzsche)
"a verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo" (merleau-ponty)
"se não sabe escutar, não sabe falar" (heráclito de éfeso)

para conhecer, há que se questione o que se pensa
e vivenciar a experiência,
a relação coloca em diálogo comigo mesmo, a abertura é o caminho
..conflitos e frustrações geram possibilidades e potencialidades

fecho meus olhos por uns trinta segundos e depois abro.
respiro, sinto, observo meu redor, sinto-me vivo, presente.
toco em meu rosto, sinto os dedos, sinto a pele, sinto meu rosto.
escuto minha respiração, sinto minhas veias, meu pulmão,
só que agora a alguns dedos mais próximos de mim mesmo.

(eu comigo mesmo, 2009)

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